As várias mudanças bruscas que Berlim sofreu ao longo da sua história tornou-a um mosaico de arquiteturas de diferentes épocas e tendências. Arquitetura de uma época coexiste com as de várias outras. Pode-se deparar com um edifício do século 18 ao lado de outro do século 19 e, uns metros à frente, com outros de 1920, 1960, ou mesmo um recém-construído.
É este misto que caracteriza a arquitetura daqui, principalmente nas áreas mais centrais. Tem situações que existe diálogo entre elas e em outras, nem tanto. O que garante que uma não estrangule a outra são as normas de construção: gabarito de altura (os edifícios são, na maioria baixos, e não podem ultrapassar os 22 m do chão até o beiral), os recuos, a taxa de ocupação do terreno e outros.
Berlim, do ponto de vista da arquitetura, é um ambiente riquíssimo e bastante variado. Por exemplo, do lado ocidental da cidade tem as obras modernistas, com suas características próprias. Do lado oriental encontramos o modernismo da DDR-República Democrática da Alemanha, em volta da Alexanderplatz, que é bem diferente daquelas outras. Por lá tem também um outro conjunto que faz um contraponto muito interessante com o modernismo do lado ocidental, que é a rua Karl Marx Allee, dos anos de 1950, de inspiração russa.
Depois da reunificação, muito se construiu na cidade. Muitos arquitetos estrangeiros projetaram para Berlim. Tem muita coisa boa, mas também muitos perderam a chance. Berlim foi sempre uma cidade muito inovativa, que nos anos 20 concorria com Nova Iorque. Boa parte desta arquitetura atual não condiz com esta importante característica da cidade.
Parte da culpa disto teve o órgão que controla a construção por aqui, pois colocou uma camisa de força nos profissionais por meio de diretrizes que nem sempre foram dribláveis pela criatividade dos arquitetos. Teve um homem forte, Hans Stimann, que estipulou o que era a “típica arquitetura berlinense”.
A pedra como elemento de fachada representava bem a arquitetura prussiana e, com isso, apenas com raras exceções permitiu-se recobrir fachadas totalmente com vidro forçando assim o uso de pedras, tijolos ou cerâmicas nos revestimentos externos. Alguns foram muito criativos com esta limitação e usaram estes materais até que de forma inovativa, já outros nao tiveram a mesma sorte e chegaram perto até de realizar historicismos.
Entre outras características, o uso extensivo de janelas verticais nos edifícios também é uma característica marcante aqui, mas que, por ser muito repetitivo produz uma paisagem monótona às vezes.
Foto: Maristela Pimentel Alves