As várias mudanças bruscas que Berlim sofreu ao longo de sua história tornaram-na um mosaico de arquiteturas de diferentes épocas e tendências. Edifícios do século XIX convivem lado a lado com construções do início do século XX e até com obras contemporâneas.
É esse contraste que caracteriza a arquitetura da cidade, especialmente nas áreas centrais. Em algumas situações, há um diálogo harmonioso entre os estilos; em outras, nem tanto. O que garante que uma estética não sufoque a outra são as normas de construção: gabarito de altura — os edifícios, em sua maioria, são baixos e não podem ultrapassar 22 metros do chão até o beiral —, recuos, taxa de ocupação do terreno, entre outros critérios.
Berlim, do ponto de vista arquitetônico, é um ambiente riquíssimo e bastante diverso. No lado ocidental da cidade, encontram-se obras modernistas com características próprias. Já no lado oriental, destaca-se o modernismo da DDR (República Democrática Alemã), especialmente nos arredores da Alexanderplatz, que se diferencia bastante do modernismo ocidental. Além disso, há um conjunto arquitetônico que contrasta de forma interessante com essa estética: a Karl-Marx-Allee, dos anos 1950, inspirada na arquitetura russa.
Após a reunificação, a cidade passou por um intenso processo de construção. Muitos arquitetos estrangeiros projetaram para Berlim. Há obras notáveis, mas também oportunidades perdidas. A cidade sempre foi um polo de inovação e, nos anos 1920, chegou a competir com Nova York em vanguardismo. No entanto, parte da arquitetura contemporânea não reflete essa característica essencial de Berlim.
Em parte, isso se deve ao órgão responsável pelo controle das construções, que impôs diretrizes rígidas, muitas vezes limitando a criatividade dos arquitetos. Durante certo período, Hans Stimmann, figura influente nesse cenário, definiu o que seria a “típica arquitetura berlinense”. A pedra, elemento tradicional da arquitetura prussiana, foi amplamente incentivada, enquanto fachadas inteiramente envidraçadas foram, com raras exceções, proibidas. Assim, materiais como pedra, tijolo e cerâmica tornaram-se predominantes nos revestimentos externos. Alguns arquitetos conseguiram inovar mesmo dentro dessas restrições; outros, porém, não tiveram a mesma sorte e acabaram flertando com o historicismo.
Outro elemento marcante da nova arquitetura berlinense é o uso extensivo de janelas verticais longas. Entretanto, sua repetição excessiva pode, em certos contextos, gerar uma paisagem monótona.
Foto destacada: Maristela Pimentel Alves
