Foto: Maristela Pimentel Alves
Quando estudei aqui em Berlim, o meu trabalho de conclusão de curso foi sobre os pátios da cidade. Já faz tempo, mas eles continuam atraindo a minha atenção por sua história, seus desenhos e pela permeabilidade que garante à cidade, pois a maioria é acessível ao público. Pode-se entrar por um pátio em uma rua e, depois de atravessar por alguns deles, chegar até a outra rua, atravessar uma quadra por meio de páteos sucessivos.
A densidade populacional de Berlim é relativamente alta, 4.052 hab/km2 e, dos 891,68 km2 de área da cidade, 59,69 km2 são de superfícies de água (6% da superfície total da cidade) e 163,64 km2 são de florestas urbanas. É preciso lembrar que Berlim é uma cidade – estado, ou seja, os seus limites urbanos coincidem com os do estado de Berlim. Isto impede que a cidade cresça além destes limites. Por isso, a tendência é a cidade crescer para dentro, se adensar mais ainda e estes pátios, como elementos importantes do desenho urbano, e frequentes mesmo nas novas construções, continua a garantir algumas qualidades aos espaços da cidade como também às moradias. Dos 1,9 milhões de unidades habitacionais, 1,7 milhões são apartamentos, dispostos em edifícios, a maioria de até 5 andares, ou 22 m de altura, encostados uns nos outros e sem recuos frontais, portanto carentes de insolação.
No século 19, eles tiveram a função principalmente industrial, de trabalho, mesmo. Em Kreuzberg, bairro bastante central na cidade, até o final da década de 1970, tinha vacas em alguns páteos e se comercializava leite fresco.
Na década de 1980, na Berlim ocidental, estes pátios foram objeto de um programa de esverdeamento. Incentivavam financeiramente a retirada dos pisos, o plantio de vegetação e mudança para usos de lazer.
Na Berlim pós reunificação e mais precisamente nas últimas duas décadas, nota-se uma tendência de mudança do caráter destes espaços e uma tentativa de deixá-los “chiques”, para atender às “exigências” da nova cidade moldada, principalmente, pelos interesses de mercado imobiliário, mas áreas mais centrais.
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