Sobre algumas semelhanças e diferenças na formação e no exercício profissional dos arquitetos em Berlim, Londres e Paris.

O objetivo deste texto não foi exatamente comparar o ensino e o exercício profissional da arquitetura nessas três grandes cidades europeias, mas sim apresentar um breve panorama da estrutura oferecida pelas faculdades de arquitetura de cada uma delas e dos requisitos exigidos para o exercício da profissão.

Em Berlim, várias instituições oferecem cursos de Arquitetura, com destaque para a Universidade Técnica – TU Berlin e a Universidade Internacional de Ciências Aplicadas. Os programas têm se voltado cada vez mais para temas contemporâneos, como sustentabilidade e tecnologias inteligentes. A Universidade Internacional de Berlim, por exemplo, oferece cursos em inglês, promovendo a internacionalização. A TU Berlin integra teoria e prática, beneficiando-se de sua localização central, que facilita o acesso ao rico patrimônio arquitetônico da cidade. Embora as tradicionais universidades técnicas priorizem os aspectos técnicos da formação, há uma clara tendência à internacionalização e à incorporação de preocupações atuais nos currículos.

Para se registrar como arquiteto na Alemanha, é necessário ter concluído um curso superior em Arquitetura reconhecido no país ou possuir uma formação equivalente obtida no exterior. Isso geralmente exige uma qualificação com duração mínima de quatro anos, normalmente estruturada como um mestrado ou uma combinação de bacharelado e mestrado.

Além disso, é obrigatória a comprovação de, no mínimo, dois anos de experiência prática em atividades arquitetônicas após a graduação. Essa experiência deve ser supervisionada por um arquiteto registrado e deve incluir participação em todas as etapas do processo arquitetônico, como projeto, planejamento, execução e acompanhamento de obras.

Também é necessário apresentar uma documentação extensa e efetuar o pagamento de uma taxa. O pedido de registro deve ser feito formalmente junto à Câmara dos Arquitetos de Berlim. Somente com a aprovação dessa entidade é permitido ao arquiteto exercer a profissão de forma autônoma e assinar projetos.

Em Paris, a École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris-Belleville é reconhecida como uma das principais escolas de Arquitetura da França, com forte ênfase em sustentabilidade e parcerias com universidades internacionais. O cenário acadêmico parisiense também se destaca pela presença de renomadas escolas de engenharia, como a ENS, a Centrale e a ENSTA, que frequentemente mantêm programas de duplo diploma com escolas de negócios de excelência. Essa característica sugere uma possível maior integração entre arquitetura e engenharia em Paris, ou ao menos uma forte interface com outras disciplinas. A própria arquitetura deslumbrante da cidade serve como fonte constante de inspiração e estudo para os alunos, e eventos como o tour educacional apoiado pela Archivibe enriquecem ainda mais o ambiente de aprendizado. A ENSA Paris-Belleville, classificada como a melhor escola de arquitetura da França, mantém sólida reputação nacional e um processo seletivo altamente competitivo.

Londres oferece uma grande diversidade de instituições de ensino em Arquitetura, entre elas a Bartlett School of Architecture (UCL), a Architectural Association School of Architecture, a Universidade de Westminster e o Royal College of Art. A Bartlett é conhecida por sua abordagem orientada à pesquisa, enquanto a Architectural Association se destaca pelo caráter experimental e vanguardista. A estrutura do programa da Bartlett abrange desde a graduação até o doutorado, incluindo estudos profissionais e cursos de curta duração, com ênfase na interdisciplinaridade e em instalações de ponta. Já a Architectural Association oferece um curso de cinco anos, dividido entre os programas Intermediário e de Diploma, com foco na experimentação e no desenvolvimento de uma identidade própria no design. A variedade de escolas em Londres sugere diferentes caminhos formativos para futuros arquitetos, atendendo a uma ampla gama de interesses e estilos de aprendizagem.

A maioria das faculdades de Arquitetura em Berlim e Paris é pública, exigindo apenas taxas semestrais ou anuais de baixo valor. Já as instituições londrinas seguem o modelo britânico, sendo majoritariamente pagas.

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Foto destacada: Maristela Pimentel Alves, 2024.

Maristela Pimentel Alves

Arquiteta e Urbanista, criou a “Areas-Berlin – visitas guiadas de arquitetura e urbanismo e eventos nestas áreas em Berlim e cidades da região. Areas-Berlin oferece também tours históricos em Berlim e Potsdam.

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